quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Grito Cultural 40 anos AI-5
O Projeto GRITO CULTURAL AI-5 consiste na organização de atividades artísticas lembrando os (40 quarenta) da assinatura do Ato Institucional n°5 e suas conseqüências como o endurecimento da Ditadura Militar, a censura previa, as torturas, assassinatos e desaparecimentos de militantes contrários ao regime.
A proposta prevê diferentes ações com o objetivo de mobilizar e sensibilizar a sociedade Brasileira, para luta pela ABERTURA DOS ARQUIVOS DA DITADURA e pelo reconhecimento da MEMÓRIA e da VERDADE como DIREITOS HUMANOS.
40 Anos do AI-5
Sob o regime militar, nenhum agente do Estado, pago pelo contribuinte para defender e encarnar as leis, tinha o direito de torturar, assassinar e fazer desaparecer pessoas. São crimes hediondos. Uma lei de anistia que envergonha os princípios do Direito assegura impunidade aos torturadores e ainda enseja articulistas a considerações “filosóficas” sobre a única matéria que a memória se recusa a esquecer: a dor humana.
Frei Beto
40 Anos do AI-5
No ano de 1968, em plena ditadura militar, o município de Contagem foi palco de uma das manifestações populares mais importantes da história do nosso país, a greve operária dos metalúrgicos contagenses.
Para alguns historiadores, a greve de Contagem, foi fator determinante para o endurecimento da ditadura militar brasileira. Na vanguarda das lutas populares e sociais, esta experiência desencadeou diversas conseqüências como, a greve realizada posteriormente pelos trabalhadores de Osasco inspirada pela manifestação mineira. Estas lutas foram responsáveis pela conquista de aumento real do salário para todos os trabalhadores brasileiros, que amargavam o congelamento dos vencimentos.
Outra conseqüência foi a perspectiva de que era possível lutar pela redemocratização do país, insuflando a esperança de estudantes, religiosos, artistas e políticos a se manifestarem contra o arbítrio.
Em contra resposta, no dia 13 de dezembro de 1968, o governo militar publicou o AI-5 - Ato Institucional n°5, a instrumento que limitou os direitos do povo, fechando o congresso, acabando com o Hábeas Corpus e instituindo a censura previa.
Victor Hugo em 1874, escreveu ”A tortura deixou de existir para sempre”, Infelizmente o autor de Les Misérables equivocou-se. O endurecimento do regime militar brasileiro foi sentido na pele de brasileiros, nos subterrâneos da máquina estatal, ou nos conhecidos "aparelhos" onde agentes do estado e grupo para-militares subverteram a ordem, utilizando-se das mais variadas e cruéis formas de tortura para conseguir informações, ocasionando assassinatos, falsos suicídios e desaparecimentos de militantes contrários ao regime.
Em matéria da Folha de S. Paulo de 05/6/82, Hélio Pellegrino frisou que “a tortura busca, à custa do sofrimento corporal insuportável, introduzir uma cunha que leve à cisão entre o corpo e a mente. E, mais do que isto: ela procura, a todo preço, semear a discórdia e a guerra entre o corpo e a mente. (Š) O projeto da tortura implica uma negação total ¬ e totalitária ¬ da pessoa, enquanto ser encarnado. O centro da pessoa é a liberdade. Na tortura, o discurso que o torturador busca extrair do torturado é a negação absoluta e radical de sua condição de sujeito livre”.
Nem a tortura nem os que ousam tentar justificá-la desapareceram. Segundo a Anistia Internacional, a tortura é aplicada ou tolerada por governos de pelo menos 60 países, entre os quais o Brasil, que na falta de alternativas de novas formas de organização e estruturação do aparelho policial e do sistema jurisdicional, ainda hoje, ocorrem abusos por parte do estado, que deveria ser democrático e de direito. O histórico de utilização da tortura como método de investigação policial ferem o marco Legal Nacional e Internacional (Declaração Universal dos Direitos Humanos, Convenção contra a Tortura da ONU, Convenção Interamericana contra a Tortura da OEA, Constituição Federal - art. 5 inciso XLIII, a Lei nº 9.455/97 entre outros instrumentos legais)
A impunidade, o esquecimento e a falta de conhecimento sobre o período da ditadura militar contribuem para a naturalização desta brutalidade que fere a alma da democracia brasileira. Neste contexto, é comum a desqualificação dos direitos humanos, a partir de uma falsa premissa, amplamente divulgada que direitos humanos é para defender bandidos.
Iniciativas como a criação da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, com status de ministério, ou a articulação do Movimento Nacional de Direitos Humanos, tanto na esfera pública como privada, denota a capacidade de resistência social não violenta ao processo de desumanização que o mundo está vivendo e à violência usada pelo Estado, reforçando as iniciativas humanizadoras, contra as posturas e práticas conservadoras, autoritárias e anti-democráticas que persistem desqualificar a luta pelos direitos humanos.
Entretanto a morosidade do Estado na abertura dos arquivos e no esclarecimento sobre mortos e desaparecidos perpetuam uma ignóbil ordem, onde uma lei de anistia que envergonha os princípios do Direito assegura impunidade aos torturadores e aos crimes praticados em nome do combate ao terrorismo.
Na África, os crimes cometidos no período do aparthaid foram julgados em Tribunais da Verdade, onde agressores e agredidos, frente a frente, reconstruíam as paginas desta história. Na América Latina, Argentina mandou para a cadeia os militares responsáveis pela ditadura. O Chile dá-nos um exemplo de democracia e cidadania, apurando os crimes contra a humanidade, sem poupar o general Pinochet.
No Brasil, apesar do estado brasileiro não reconhecer oficialmente a utilização de pau de arara, cadeira do dragão, choques nos genitais, afogamentos, estupros e outros artifícios desumanos, é notório a imensa quantidade de pessoas que sofreram tais abusos. Muitos morreram, como Vladimir Herzog e Manoel Fiel Filho, “suicidados” nas dependências do Doi-Codi de São Paulo. Outros carregam marcas profundas na carne e na alma, como Frei Tito de Alencar Lima, enlouquecido pelas agressões, o frade dominicano veio a falecer em 1974, na história contada no livro Batismo de Sangue. Muitos estão desaparecidos, como os guerrilheiros do Araguaia, que segundo relatos, foram jogados de Helicópteros, a quilômetros de altura, no rio que deu nome a guerrilha.
A incoerência é que os fatos não são apresentados, o estado não assume seus atos. A lei da anistia, ampla, geral e irrestrita, não ampara crimes contra a humanidade, que são imprescritíveis, ou seja, nunca prescrevem, independente de quando aconteceram. O debate a cerca do tema está acalorado, e a matéria será julgada no Superior Tribunal de Justiça.
A escolha de Contagem para realização deste Ato em Solidariedade as vitimas de tortura, pela abertura imediata dos arquivos da ditadura é devido simbolismo da cidade. Pois, no mesmo ano que se comemora, ou seja, memora coletivamente, não esquece as manifestações populares que enfrentaram o regime autoritário, relembramos do endurecimento deste mesmo regime, através do AI-5, num processo dialético de defesas de teses, antíteses e sínteses.
É chegado o momento para, por meio da autocrítica, superamos os limites do presente e permitimos as possibilidades do futuro. Abrir os arquivos da ditadura é imperativo neste processo. Sem a limpeza das feridas, elas nunca cicatrizarão. Precisamos conhecer nosso passado para construirmos nosso futuro. Precisamos dar resposta as famílias dos desaparecidos, para a construção de um País, onde a memória e a verdade sobre o período da ditadura militar, direito de todo o povo brasileiro, seja um instrumento que reafirme com veemência uma posição clara: democracia sempre, contra toda forma de ditadura.
"O HOMEM ESTÁ CONDENADO A LIBERDADE"
J.P. SARTRE
LIBERDADE, SE POR TI TORTURADO EU FOR, POSSA FELIZ E INDIFERENTE A DOR,
MORRER SORRINDO A MURMURAR TEU NOME.
CARLOS MARIGUELLA
"O SANGUE DOS MARTIRES É A SEMENTE DA LIBERDADE"
SANTO AGOSTINHO
"QUANDO PERDEMOS A CAPACIDADE DE NOS INDIGNARMOS COM AS ATROCIDADE
PRATICADAS CONTRA OS OUTROS, PERDEMOS TAMBÉM O DIREITO DE NOS
CONSIDERARMOS SERES HUMANOS CIVILIZADOS"
VLADIMIR HERZOG
TEIA - Pequena grande amostra da diversidade brasileira
O conceito de pesquisa por amostragem determina que não precisamos tomar uma panela de sopa para saber qual é seu gosto, ou seja, uma colherinha com um bocadinho é capaz de demonstrar o sabor de alguma coisa. Porém quando o assunto é a cultura brasileira, uma amostra é muito pouco. A Diversidade do Brasil é maravilhosa. Formas e fazeres, artes e artistas, pensadores e pensamentos, multiplicidade e pluralidade, misturado e tudo junto no grande Encontro Nacional de Pontos de Cultura, que nos deram uma perspectiva da imensidão cultural deste nosso País. Isto que foi o Teia 2009.
Com o tema “Iguais na Diferença”, o encontro reuniu 23 Estados, 670 delegados do II Fórum Nacional dos Pontos de Cultura e 664 convidados para a Mostra Artística. Maracatu, música Clássica, funk, ópera, mestres grios, hip hop, frevo, roda de viola, artes plásticas, software livre, artes cênicas, boi bumba, circo, audiovisual, ciganos, tradições, novas tecnologias, tradições seculares, diversas tribos indígenas, entre outras dezenas de manifestações, culturais, artísticas, étnicas, religiosas, numa pequena mostra da cultura brasileira, derrubando fronteiras entre os que fazem
No total, estiveram envolvidas 1778 pessoas, entre participantes e equipe de produção no 3º TEIA. No Conjunto Cultural da República, onde se concentraram a maior parte das atividades do encontro, a média de público circulante foi de aproximadamente 2 mil pessoas ao dia, entre artistas, convidados e delegados, acompanhando as atividades e programação paralela.
O ponto mais alto da programação foi o cortejo de toda esta diversidade rumo à Praça dos Três Poderes para uma "re-proclamação da república através da cultura", reconhecendo o papel estratégico da cultura na construção de uma nova sociedade brasileira, mais justa, fraterna, humana, solidária.
Se na proclamação da República, no dia 15 de novembro de 1889, até o Marechal Deodoro da Fonseca, um dos pilares do movimento, por estar doente, não participou efetivamente do processo, o que dirá do povo brasileiro, que dormiu monarquia e acordou República, não sabendo das mudanças do Brasil, ou seja, viu a historia passar pela janela.
Em 2009, 119 anos depois, o povo estava na rua, fazendo uma grande marcha no encerramento do TEIA, pela defesa da cultura e do maior patrimônio do nosso Brasil, que é sua diversidade.
Assim, todo potencial transformador da cultura, defendido por Bené Fonteles no manifesto TEIA, possa romper as barreiras de quem faz popular e quem pensa erudito, através de uma arte solidária e responsável, capaz de invadir o imaginário do outro e criar novas formas poéticas de libertar e iluminar o mundo, que não tenha medo de dialogar com o confronto x conflito social brasileiro, no diálogo inspirador dos artistas com os educadores, construtores e facilitadores de uma Cultura de Paz, seja ela, ecológica, educacional, econômica, política e espiritual. Abraços a todos e todas, que já provaram, mesmo que em dose a conta gotas, toda a pluralidade de nosso país.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
TEIA 2008
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É com muita ansiedade que embarco novamente para Brasília, onde entre os dias 12 e 16 de novembro de 2008, será a sede da TEIA, maior encontro da diversidade cultural brasileira e toda a sua multiplicidade de cores e expressões, reunindo a rica e intensa produção cultural de 800 pontos de cultura do programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura (MinC), que contempla todas as regiões do país.
Seminários, vivências e uma ampla agenda de apresentações artísticas também coordenadas pelos Pontos fazem parte da programação da TEIA 2008.
No dia 15 de novembro, está previsto um cortejo rumo à Praça dos Três Poderes para uma "re-proclamação da república através da cultura". A manifestação resume o objetivo do programa: relações mais democráticas na construção de um país justo e solidário.
Já realizada na cidade de São Paulo, em 2006, e na capital mineira, Belo Horizonte, em 2007, a TEIA em sua terceira edição apresenta um importante diferencial: a organização do evento está a cargo da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura (CNPC), formada por representantes eleitos pelos próprios Pontos de Cultura.
Neste ano, o cenário do grande encontro dos pontos de culturas se concentrará no Complexo Cultural da República, estendendo-se por toda a Esplanada dos Ministérios, com programações inclusive em pontos históricos e simbólicos da cultura nacional, como o Teatro Nacional e o Espaço Cultural da Funarte.
Além do tema "Iguais na diferença", que celebra os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o destaque desta edição vai para o segundo Fórum Nacional dos Pontos de Cultura (FNPC), que reunirá um delegado de cada ponto de cultura do país, além das áreas temáticas e redes que compõem o programa Cultura Viva e vários parceiros do programa.
Entre os principais objetivos do fórum, fortalecer o Sistema Nacional de Cultura, consolidar a TEIA como espaço político-cultural dos Pontos de Cultura, fomentar a construção de marcos legais que reconheça a autonomia e o protagonismo cultural do povo brasileiro, além do debate em torno dos avanços e desafios na gestão compartilhada do programa Cultura Viva.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
PONTO DE CULTURA IMAGEM & AÇÃO
srfgxujws,
Um importante marco na trajetória do GRUPO COEXISTA, foi a aprovação da parceria com a Prefeitura de Contagem e o Ministério da Cultura para implantação de um Ponto de Cultura na Vila Barraginha. Esta nova experiência ampliou as possibilidades de intervenção, articulando as ações existentes a uma proposta diferenciada focada na produção áudio-visual.Segundo Léo, morador da comunidade da Vila Barraginha e idealizador da proposta, o nome do ponto de cultura é “Imagem e Ação”. A principio a idéia nos remete a aquele jogo de tabuleiro para ser jogado em grupo onde o objetivo é descobrir palavras e expressões. O nosso jogo também será jogado em grupo, mas o objetivo será descobrir coletivamente caminhos para a construção de um novo mundo possível. O ponto de cultura, deverá ser um referencial em educação popular e empreendedorismo cultural. Sua principal função será o desenvolvimento pessoal e coletivo, através da realização de palestras, cursos, produção de áudio e vídeos, projetos de inclusão digital, atividades culturais entre outros, coletando e disseminando informações, formas e instrumentos a serem utilizados para operar as mudanças e transformações na busca de uma sociedade mais igualitária.
Especificamente sobre a comunidade da Vila Barraginha, a proposta é produzir um documentário registrando a memória oral dos moradores e a eminente transformação decorrente da urbanização e reassentamento. Outra iniciativa será a implementação do “Museu Comunitário 18 de Março”, data da maior tragédia ocorrida na comunidade da vila Barraginha, que ceifou 36 vidas, centenas de feridos e 1700 desabrigados.
O Grupo COEXISTA, através do ponto de cultura, pretende ainda, registrar as demandas e conquistas dos movimentos organizados de promoção dos direitos humanos, fomentando a visibilidade e divulgação das lutas dos grupos do movimento GLBT, de promoção da igualdade racial, de mulheres grupos de defesa dos idosos, jovens, etc... Estas iniciativas terão culminância na feira da diversidade “COEXISTA CULTURAL”, onde pretendemos estimular a participação de artistas da cidade, mesclando linguagens e estilos num grande evento em prol do respeito às diferenças.
Outro objetivo do projeto é contribuir para a ampliação das formas de interlocução entre agentes culturais, a partir da troca de experiências e para a democratização da produção e o acesso à conteúdos audiovisuais no Estado de Minas Gerais, veiculando e circulando os bens produzidos atingindo 18 milhões de pessoas (público da Rede Minas).
O ponto de cultura gerenciado pelo grupo COEXISTA será uma rede de iniciativas, na busca de articulações e construção de consensos, significativamente necessários para avançarmos na conquista dos direitos humanos. Em igual tempo, queremos disseminar através de ações inclusivas e iniciativas de promoção social a compreensão de que os Direitos Humanos são universais, indivisíveis e podem ser atingidos e extensivos a todos os seres humanos.
quarta-feira, 4 de junho de 2008
MENSAGEM DO GRUPO COEXISTA
Esta mensagem é utilizada pelo Grupo COEXISTA nas palestras e encontros, onde utilizamos a sabedoria popular, de forma original e divertida, para ajudarmos os participantes refletir sobre os seus atos e possíveis conseqüências.
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Conferência Nacional de Juventude – Perspectiva 1
Brasília, outono de 2008
Leonardo Alves Batista – Coordenador Geral do COEXISTA
Desde 1810 já existia a proposta de mudança do governo brasileiro do Rio de Janeiro para o interior, supostamente para garantir a segurança da capital do País, contra uma invasão inimiga.
Argumentos econômicos, ideológicos e geopolíticos eram usados continuamente para justificar a empreitada. A interiorização econômica, criação de novas estradas, o grande “projeto nacional” de transferência da capital era oficialmente divulgado como uma maneira de desenvolver o Brasil central.
Contudo, a verdadeira razão, oculta dos discursos desenvolvimentistas que defendiam a construção de Brasília era, devido ao seu isolamento geográfico, dificultar o acesso ao governo central das reivindicações de pessoas insatisfeitas com a administração pública.
A preocupação era organizar o território, não somente para prever batalhas contra um possível inimigo, mas principalmente, controlar de maneira eficaz as pessoas sobre as quais o aparelho de Estado exerce sua autoridade.
Eu estava pensando exatamente nisto, quanto o avião sobrevoava a periferia do Distrito Federal, aguardando autorização para pousar. A perspectiva da cidade vista do alto é uma coisa muito doida. De um lado você vê toda a opulência de Brasília, seus amplos espaços, seus prédios planejados, sua arquitetura monumental e seus corredores viários, do outro toda a miséria das cidades satélites com ruas de terra vermelha que me lembram veias abertas formando rios de sangue.
Estas ocupações foram criadas a partir de uma política cruel de erradicação de favelas e segregação sócio-espacial, onde as distâncias entre o Plano Piloto e as Cidades Satélites funcionam como verdadeiras muralhas horizontais de mais de 30 quilômetros de extensão. A obrigatoriedade de percorrer grandes distâncias para se chegar à Brasília, aliada à mais elevada tarifa de transporte público do país inviabiliza a cidade para a maioria da população local, neste modelo oneroso de ocupação territorial.
Se chegar a Brasília é difícil para os próprios moradores, imagine para pessoas de Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco, Paraná, Maranhão, Amazonas que, caso desejem fazer pressão sobre nossos governantes, mobilizem seus pares para esta empreitada.
Porém, o que os idealizadores temiam estava acontecendo. Naquela manhã quente de domingo, a cidade estava sendo invadida. Uma horda barulhenta e multicolorida descia dos vários aviões que estavam pousando.
Eram jovens vindos de todos estados brasileiros para participar da 1ª Conferência Nacional de Juventude. Traziam, além da bagagem, a esperança da mudança e a certeza da importância histórica que aquele momento representava para a conquista dos direitos da juventude.
Estes mais de dois mil combatentes, que com eu, foram votados e eleitos Delegados Nacionais nas Conferências preparatórias realizadas nos seus respectivos estados tinham um misão. Estavam em Brasília representando mais de 50 milhões de jovens do Brasil, que pela primeira vez na história do nosso país, foram convocados para ajudar a pensar que projeto de nação nos queremos pra gente.
E esta juventude, com todas sua irreverência, ocupou a Capital Federal, rompendo os limites simbólicos, geográficos, políticos e ideológicos, num grande evento em defesa dos direitos de todos e todas os (as) jovens deste grande e amado país chamado Brasil.
Conferência Nacional de Juventude - Perspectiva 2
O presidente Lula na carta que enviou aos jovens Delegados foi extremamente feliz, quando comparou a problemática do Brasil com enfrentada pela(s) juventude(s) brasileira(s): “sempre disseram que este era o país do futuro; e que a juventude era o futuro do Brasil. Mas como nas três últimas décadas o Brasil praticamente não cresceu, não distribuiu renda, não investiu como deveria em educação, não gerou empregos nem oportunidades, a juventude brasileira ficou sendo o futuro de um país sem futuro”.
Como todos sabem, jovem não é futuro e sim presente, mas em alguns casos, será apenas passado se nada for feito para garantir os direitos da juventude pobre, negra, indígena, periférica, GLBT e tantas outras que vicejam no dia-a-dia das nossas cidades, com suas demandas especificas que precisam ser atendidas urgentemente.Todos os delegados presentes, com sua militância, contribuíram nesta “guerra pacifica”, onde o nosso inimigo é a desigualdade, o atraso, o descaso e a invisibilidade dos problemas que afetam a juventude como falta de perspectiva e acesso.
Nossa luta é, além de discutir políticas públicas para juventude(s), incluir a temática na agenda atual na perspectiva de construção de políticas de estado, garantindo assim que no “tão falado país do futuro” juventude brasileira possa ter voz, vez e vida.
Ter a oportunidade de estar em Brasília, engrossando as fileiras de combatentes, foi uma experiência inesquecível. Unimos forças para levantar esta bandeira, nesta guerra por um país mais justo, decente e para todos. Esta foi apenas uma batalha vitoriosa, mas que depende de tantas outras lutas para que os nosso sonho triunfe soberano, em todos os cantos de nosso querido Brasil.Parabéns aos participantes, guerreiros dos novos tempos e de um novo mundo
Como todos sabem, jovem não é futuro e sim presente, mas em alguns casos, será apenas passado se nada for feito para garantir os direitos da juventude pobre, negra, indígena, periférica, GLBT e tantas outras que vicejam no dia-a-dia das nossas cidades, com suas demandas especificas que precisam ser atendidas urgentemente.Todos os delegados presentes, com sua militância, contribuíram nesta “guerra pacifica”, onde o nosso inimigo é a desigualdade, o atraso, o descaso e a invisibilidade dos problemas que afetam a juventude como falta de perspectiva e acesso.
Nossa luta é, além de discutir políticas públicas para juventude(s), incluir a temática na agenda atual na perspectiva de construção de políticas de estado, garantindo assim que no “tão falado país do futuro” juventude brasileira possa ter voz, vez e vida.
Ter a oportunidade de estar em Brasília, engrossando as fileiras de combatentes, foi uma experiência inesquecível. Unimos forças para levantar esta bandeira, nesta guerra por um país mais justo, decente e para todos. Esta foi apenas uma batalha vitoriosa, mas que depende de tantas outras lutas para que os nosso sonho triunfe soberano, em todos os cantos de nosso querido Brasil.Parabéns aos participantes, guerreiros dos novos tempos e de um novo mundo
quinta-feira, 29 de maio de 2008
DEFICIÊNCIA NOSSA DE CADA DIA
O mundo é diverso e as conquistas e avanços na garantia da dignidade humana para todas as pessoas não acontecem por acaso. Eles são resultados de lutas individuais e coletivas, de organizações e de pessoas solidárias à causa. Recentemente, embora seja um militante ativo dos direitos humanos e coordenar um grupo que trabalha o respeito à diversidade, eu tive a oportunidade de sentir na pele, a nossa limitação para tratar as diferenças.
Aconteceu durante uma conversa com uma amiga que tem deficiência. Ela é uma mulher maravilhosa, que devido a uma doença, não desenvolveu os membros superiores. Estávamos numa grande festa e ela era uma das pessoas que mais se divertia. Esta amiga é uma mulher atraente, inteligente, descolada, totalmente independente e muito bonita, possui uma vasta cultura e curso superior. Eu falava o quanto admirava a sua forma de viver e de ver o mundo, sempre pra cima, sendo uma das pessoas “mais de bem com a vida” que eu conheço.
Eu estava elogiando-a, quando reparei que ela ficou tensa. A impressão que tive, foi que esperava, que a qualquer momento da nossa conversa, eu fizesse uma referência sobre a sua deficiência.
Confesso que frases como “apesar de”, ou “você é assim, mas”, vinham vez ou outra na minha cabeça. Neste momento, vi o quanto temos dificuldades para tratar e conversar sobre as diferenças. Senti o quanto não estamos familiarizados com esta discussão. Neste contexto, é complicado falar de coisas simples, como elogiar uma pessoa, sem cair naquele tipo de discurso, “apesar disto, você neste gás todo” ou “você é é exemplo, pois não se abateu pela dificuldade”.
Resisti arduamente contra anos e anos de educação preconceituosa, tentando não cair no lugar comum dos conceitos discriminatórios, pois acredito que a pessoa não deve ser reduzida, identificada ou determinada por uma característica especifica como seus limites sensoriais, mentais ou motores.
Na minha opinião, entre todos os emaranhados de conceitos e preconceitos, existem termos que eu considero piores, porque através de referências de“tolerância”. escondem nas entrelinhas, o preconceito.
Segundo o Dicionário Michaellis, tolerar significa suportar com indulgência, transigir, admitir, dar tácito consentimento a. Pra quem não lembra do que é indulgência, vale a pena dar uma olhada no mesmo dicionário, onde consta ser a qualidade do indulgente, clemência, condescendência, tolerância, remição total ou parcial das penas relativas aos pecados, perdão.
Penso que tolerância seria mais ou menos assim. De repente, você deixasse de considerar as características não-aceitas ou rejeitadas socialmente em determinado grupo (cor, gênero, condição física ou mental, condição socioeconômica, etc...), cedendo uma parcela de consideração, e um pouquinho, em doses conta-gotas, de respeito e dignidade.
Minha concepção de tolerância é muito parecida com a de Bernard Lewis, professor de História da Universidade de Princeton. Ele defende que “A tolerância é, naturalmente, uma idéia extremamente intolerante, porque significa, eu que mando e lhe permito alguns direitos que aprecio, mas não todos, só enquanto você se comporta de acordo com os padrões que determino”. O diretor executivo do Midwest Centre for Holocaust Education, no Kansas, Jean Zeldin, propõe “que o oposto da intolerância não seja tolerância. Seja compreensão. Seja aceitação. Seja compaixão”.
Podemos, lembrar termos e frases extremamente preconceituosos que denotam tolerância, como “é um preto com alma de branco”, ou “dirige bem, apesar de ser mulher”, ou quem sabe, “ele é um bom funcionário,apesar de ser gay”.
Outro termo complicado é o “portador de necessidades especiais”. Pode parecer uma expressão bem-intencionada, mas acho deprimente quando as pessoas, por habito ou ignorância, são chamadas de “portadores”. Parece que estão carregando alguma coisa. É preciso abominar a expressão “portador”, a pessoa não porta, ela simplesmente é deste jeito, com suas potencialidades, incapacidades e limitações.
Na nossa cultura, a noção de deficiência é complexa, estando associada às idéias de imperfeição, fraqueza ou carência, criando assim, sentimentos contraditórios, que vão desde a repulsa até a compaixão.
A palavra deficiência não é negativa em si mesma, pois designa uma realidade concreta. O que precisamos fazer é saber distinguir e diferenciar a pessoa da deficiência, vendo a pessoa na deficiência e não a pessoa como um deficiente.
Se a utilização de termos “tolerantes” é complicada, imagine termos como anormal, (como se existisse alguém normal), paralítico, aleijado, mongolóide, coxo, manco, cegueta, inválido, retardado, débil mental, excepcional, imperfeito, etc. Eles são de uma desumanidade e carregam uma carga muito grande de preconceito. Estes conceitos rotuladores denotam a nossa incapacidade de compreensão ao diferente.
Na maioria das vezes é o meio ambiente e o contexto cultural e socio-econômico que determinam quem é capaz ou incapaz, ou seja, determinam a perda ou a limitação das oportunidades de participar da vida em igualdade de condições com os demais, criando barreiras diferentes para pessoas diferentes.
É bom termos consciência que, todos seres humanos em maior ou menor grau, possuem deficiências. Pare e pense sobre seus limites, sobre as coisas que você não é capaz de fazer ou apresenta alguma dificuldade de realizar. Eu por exemplo, entre ouras limitações, possuo dois graus e meio de miopia, por causa disto, não posso ser piloto, astronauta ou fazer coisas mais cotidianas como pegar um ônibus ou identificar um conhecido (a) a alguns metros de distância sem estar de óculos ou de lentes de contato. Porém, apesar desta deficiência visual, posso fazer muitas outras coisas, inclusive escrever este texto que você está acabando de ler.
P.S. Com relação a minha amiga, tenho certeza que ela é especial. Não por apresentar uma deficiência física, mas por ser este ser iluminado que espalha alegria por onde passa.
Aconteceu durante uma conversa com uma amiga que tem deficiência. Ela é uma mulher maravilhosa, que devido a uma doença, não desenvolveu os membros superiores. Estávamos numa grande festa e ela era uma das pessoas que mais se divertia. Esta amiga é uma mulher atraente, inteligente, descolada, totalmente independente e muito bonita, possui uma vasta cultura e curso superior. Eu falava o quanto admirava a sua forma de viver e de ver o mundo, sempre pra cima, sendo uma das pessoas “mais de bem com a vida” que eu conheço.
Eu estava elogiando-a, quando reparei que ela ficou tensa. A impressão que tive, foi que esperava, que a qualquer momento da nossa conversa, eu fizesse uma referência sobre a sua deficiência.
Confesso que frases como “apesar de”, ou “você é assim, mas”, vinham vez ou outra na minha cabeça. Neste momento, vi o quanto temos dificuldades para tratar e conversar sobre as diferenças. Senti o quanto não estamos familiarizados com esta discussão. Neste contexto, é complicado falar de coisas simples, como elogiar uma pessoa, sem cair naquele tipo de discurso, “apesar disto, você neste gás todo” ou “você é é exemplo, pois não se abateu pela dificuldade”.
Resisti arduamente contra anos e anos de educação preconceituosa, tentando não cair no lugar comum dos conceitos discriminatórios, pois acredito que a pessoa não deve ser reduzida, identificada ou determinada por uma característica especifica como seus limites sensoriais, mentais ou motores.
Na minha opinião, entre todos os emaranhados de conceitos e preconceitos, existem termos que eu considero piores, porque através de referências de“tolerância”. escondem nas entrelinhas, o preconceito.
Segundo o Dicionário Michaellis, tolerar significa suportar com indulgência, transigir, admitir, dar tácito consentimento a. Pra quem não lembra do que é indulgência, vale a pena dar uma olhada no mesmo dicionário, onde consta ser a qualidade do indulgente, clemência, condescendência, tolerância, remição total ou parcial das penas relativas aos pecados, perdão.
Penso que tolerância seria mais ou menos assim. De repente, você deixasse de considerar as características não-aceitas ou rejeitadas socialmente em determinado grupo (cor, gênero, condição física ou mental, condição socioeconômica, etc...), cedendo uma parcela de consideração, e um pouquinho, em doses conta-gotas, de respeito e dignidade.
Minha concepção de tolerância é muito parecida com a de Bernard Lewis, professor de História da Universidade de Princeton. Ele defende que “A tolerância é, naturalmente, uma idéia extremamente intolerante, porque significa, eu que mando e lhe permito alguns direitos que aprecio, mas não todos, só enquanto você se comporta de acordo com os padrões que determino”. O diretor executivo do Midwest Centre for Holocaust Education, no Kansas, Jean Zeldin, propõe “que o oposto da intolerância não seja tolerância. Seja compreensão. Seja aceitação. Seja compaixão”.
Podemos, lembrar termos e frases extremamente preconceituosos que denotam tolerância, como “é um preto com alma de branco”, ou “dirige bem, apesar de ser mulher”, ou quem sabe, “ele é um bom funcionário,apesar de ser gay”.
Outro termo complicado é o “portador de necessidades especiais”. Pode parecer uma expressão bem-intencionada, mas acho deprimente quando as pessoas, por habito ou ignorância, são chamadas de “portadores”. Parece que estão carregando alguma coisa. É preciso abominar a expressão “portador”, a pessoa não porta, ela simplesmente é deste jeito, com suas potencialidades, incapacidades e limitações.
Na nossa cultura, a noção de deficiência é complexa, estando associada às idéias de imperfeição, fraqueza ou carência, criando assim, sentimentos contraditórios, que vão desde a repulsa até a compaixão.
A palavra deficiência não é negativa em si mesma, pois designa uma realidade concreta. O que precisamos fazer é saber distinguir e diferenciar a pessoa da deficiência, vendo a pessoa na deficiência e não a pessoa como um deficiente.
Se a utilização de termos “tolerantes” é complicada, imagine termos como anormal, (como se existisse alguém normal), paralítico, aleijado, mongolóide, coxo, manco, cegueta, inválido, retardado, débil mental, excepcional, imperfeito, etc. Eles são de uma desumanidade e carregam uma carga muito grande de preconceito. Estes conceitos rotuladores denotam a nossa incapacidade de compreensão ao diferente.
Na maioria das vezes é o meio ambiente e o contexto cultural e socio-econômico que determinam quem é capaz ou incapaz, ou seja, determinam a perda ou a limitação das oportunidades de participar da vida em igualdade de condições com os demais, criando barreiras diferentes para pessoas diferentes.
É bom termos consciência que, todos seres humanos em maior ou menor grau, possuem deficiências. Pare e pense sobre seus limites, sobre as coisas que você não é capaz de fazer ou apresenta alguma dificuldade de realizar. Eu por exemplo, entre ouras limitações, possuo dois graus e meio de miopia, por causa disto, não posso ser piloto, astronauta ou fazer coisas mais cotidianas como pegar um ônibus ou identificar um conhecido (a) a alguns metros de distância sem estar de óculos ou de lentes de contato. Porém, apesar desta deficiência visual, posso fazer muitas outras coisas, inclusive escrever este texto que você está acabando de ler.
P.S. Com relação a minha amiga, tenho certeza que ela é especial. Não por apresentar uma deficiência física, mas por ser este ser iluminado que espalha alegria por onde passa.
terça-feira, 1 de abril de 2008
COEXISTA apresenta resultado da Conferência Livre e participa da Etapa Estadual da 1ª Conferência Nacional de Juventude
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Coordenador do COEXISTA representa o Grupo e MInas Gerais na 1ª Conferência Nacional de Juventude
O Coordenador Geral do COEXISTA, Leonardo Alves Batista foi eleito na etapa Estadual da Conferência de Juventude como DELEGADO NACIONAL, sendo o segundo mais votado de Minas Gerais.
A sua partitipação em Brasilia será muito importante para defender as propostas de Políticas Públicas direcionadas para os jovens, retiradas dos debates na "Conferência Livre" organizada pelo GRUPO COEXISTA referentes ao eixos temáticos: Diversidade, Cultura e Mídia, Meio Ambiente e Educação, Liberdades Democráticas e Participação Política.
Sabendo que a luta para construção de um país onde todos e todas possam viver com dignidade deve ser continua, levantamos nossas bandeiras, infladas pelo desejo de um pais mais justo e solidario.
Aproveitamos a oportunidade e agradecemos a todos e todas que participaram da Conferência Livre do COEXISTA, na esperança que noss iniciativa, possa contribuir para as mudanças desejadas.
Abaixo as propostas e desafios levantados pelo Grupo:
Desafios:
1) Reduzir a violência urbana e incidência de crimes violentos em locais de vulnerabilidade social;
2) Estimular a melhoria da educação;
3) Ampliar a inserção efetiva dos jovens no primeiro emprego;
4) Garantir melhores condições de vida para populações vulneráveis socialmente, especialmente os jovens;
5) Transformar as PPJs (politicas Publicas de juventude) em políticas de estado, garantindo a sua continuidade;
6) Lutar pela garantia do direito à saúde e ao meio-ambiente ecologicamente equilibrado;
7) Lutar pela garantia do direito a cultura, diversidade informação e formação;
Propostas
1) Respeitar a diversidade humana, combatendo os preconceitos de cor, raça, gênero, orientação sexual, condições socioeconômicas, nacionalidades, faixa etária, convicções política ou religiosa;
2) Proibição das propagandas de bebidas alcoólicas em veículos de comunicação de massa;
3) Advertir nos rótulos das bebidas alcoólicas, as conseqüências danosas a saúde referente ao uso indevido;
4) Descriminalização e legalização das drogas;
5) Reformular a conduta pedagógica, transformando as instituições escolares atrativas para a nova realidade da juventude brasileira;
6) Apoio psicológico para os jovens alunos de escolas públicas;
7) Ampliar o investimento financeiro na educação pública;
8) Criar e ampliar projetos efetivos de 1º Emprego, criando subsídios para os empregadores que contratarem jovens, nesta situação, condicionando o recebimento a carência de um ano, no mínimo de contratação;
9) Melhorar e ampliar os programas de qualificação profissional;
10) Investir em projetos de empreendedorismo juvenil e economia solidária, facilitando o credito, realizando para iniciativas de jovens;
11) Realizar programas de urbanização, em locais com risco social;
12) Lutar pela não aprovação do projeto de lei que prevê a redução da maioridade penal;
13) Melhorar o transporte público, com racionalização dos sistemas, ampliação das frotas e redução das tarifas;
14) Mobilizar os jovens para lutar pela aprovação e implantação do Estatuto da Juventude;
15) Mobilizar os jovens para lutar pela aprovação e implantação do Plano Nacional da Juventude; 16) Mobilizar os jovens para lutar pela aprovação e implantação do Plano Estadual da Juventude; 17) Ampliar o conhecimento sobre o meio-ambiente, através da realização de campanhas de conscientização, dotadas de informações mais detalhadas;
18) Punir as pessoas que não contribuem com a prevenção de doenças endêmicas como a DENGUE, através da identificação e aplicação de multas;
19) Lutar pela aprovação da legislação que permite a utilização de células tronco embrionárias em pesquisas;
20) Realizar a Conferencia Nacional de Juventude
21) Ampliar o acesso a cultura e arte, através do financiamento público para produção, difusão e fruição de manifestações artísticas;
1) Reduzir a violência urbana e incidência de crimes violentos em locais de vulnerabilidade social;
2) Estimular a melhoria da educação;
3) Ampliar a inserção efetiva dos jovens no primeiro emprego;
4) Garantir melhores condições de vida para populações vulneráveis socialmente, especialmente os jovens;
5) Transformar as PPJs (politicas Publicas de juventude) em políticas de estado, garantindo a sua continuidade;
6) Lutar pela garantia do direito à saúde e ao meio-ambiente ecologicamente equilibrado;
7) Lutar pela garantia do direito a cultura, diversidade informação e formação;
Propostas
1) Respeitar a diversidade humana, combatendo os preconceitos de cor, raça, gênero, orientação sexual, condições socioeconômicas, nacionalidades, faixa etária, convicções política ou religiosa;
2) Proibição das propagandas de bebidas alcoólicas em veículos de comunicação de massa;
3) Advertir nos rótulos das bebidas alcoólicas, as conseqüências danosas a saúde referente ao uso indevido;
4) Descriminalização e legalização das drogas;
5) Reformular a conduta pedagógica, transformando as instituições escolares atrativas para a nova realidade da juventude brasileira;
6) Apoio psicológico para os jovens alunos de escolas públicas;
7) Ampliar o investimento financeiro na educação pública;
8) Criar e ampliar projetos efetivos de 1º Emprego, criando subsídios para os empregadores que contratarem jovens, nesta situação, condicionando o recebimento a carência de um ano, no mínimo de contratação;
9) Melhorar e ampliar os programas de qualificação profissional;
10) Investir em projetos de empreendedorismo juvenil e economia solidária, facilitando o credito, realizando para iniciativas de jovens;
11) Realizar programas de urbanização, em locais com risco social;
12) Lutar pela não aprovação do projeto de lei que prevê a redução da maioridade penal;
13) Melhorar o transporte público, com racionalização dos sistemas, ampliação das frotas e redução das tarifas;
14) Mobilizar os jovens para lutar pela aprovação e implantação do Estatuto da Juventude;
15) Mobilizar os jovens para lutar pela aprovação e implantação do Plano Nacional da Juventude; 16) Mobilizar os jovens para lutar pela aprovação e implantação do Plano Estadual da Juventude; 17) Ampliar o conhecimento sobre o meio-ambiente, através da realização de campanhas de conscientização, dotadas de informações mais detalhadas;
18) Punir as pessoas que não contribuem com a prevenção de doenças endêmicas como a DENGUE, através da identificação e aplicação de multas;
19) Lutar pela aprovação da legislação que permite a utilização de células tronco embrionárias em pesquisas;
20) Realizar a Conferencia Nacional de Juventude
21) Ampliar o acesso a cultura e arte, através do financiamento público para produção, difusão e fruição de manifestações artísticas;
JOVEM, BONECO DO SISTEMA
Boa tarde! Meu nome é João, mas prefiro que me chamem de John, acho mais doido. Já que estamos dando início a Conferência livre de juventude, organizada pelo Coexista, quero participar logo e expressar o que sinto, afinal de contas não é todo dia que temos essa oportunidade.
Vou jogar a real pra vocês, faço parte de uma geração que não se interessa muito por política, nunca fomos educados para gostar. Nem mesmo os nossos pais foram educados para gostarem de política, falo isso porque um tanto de gente fica nos comparando com eles.
De acordo com a história, nasci em uma época turbulenta. Naquele período o Brasil passava por um processo de transição entre regimes governamentais, ou seja, os anos sangrentos da ditadura não resistindo mais a pressão popular, dava lugar a uma proposta de abertura democrática. Na verdade esses acontecimentos não fazem muito sentido para mim, pois enquanto tudo isso rolava, eu era pequeno e só queria saber de brincar e fazer pirraça.
Cresci em um país “livre”, onde se pode falar o que quiser na hora que bem entender (olhar perplexo/de estranhamento para as cordas). Tem vários direitos que gozo sem perceber. Posso ir e vir (manipulação das cordas). Falar mal dos governantes. Criticar o sistema sem ser reprimido. Escolher e votar em meus candidatos, dentre outras tantas mazelas que essa tal democracia nos permite. Mas por incrível que pareça, não sinto muita vontade de conhecer ou exercer alguns dos meus direitos. Talvez porque não lutei por nenhum deles, quando percebi já estavam escritos na constituição. Dizem por ai que várias pessoas lutaram, muitas foram presas, torturadas, exiladas, e outras até morreram para que tivéssemos tais direitos, acontece, no entanto, que por acaso não fui eu e nem os meus amigos, sendo assim toda essa trajetória de lutas e conquistas não tem nenhum valor para nós.
Seguindo o exemplo dos meus pais e outras gerações que, cultuavam pensadores, filósofos, poetas, guerrilheiros, eu também tenho os meus heróis, confesso que são um pouco diferentes, para ser mais exato bem diferentes mesmo. Eles usam umas roupas esquisitas, lutam com uns monstros sinistros e pra complicar nem falam a minha língua, mas isso é o de menos, porque o quente hoje é falar inglês, pagar um cursinho, aprender a língua do Tio Sam, dizem que é importante pro mercado de trabalho, quer saber, não tô nem ai pra isso, acho mais importante saber inglês pra entender o que está escrito nas roupas que uso, nos lugares que freqüento, para compreender com mais facilidade os meus games e claro, para tirar uma onda com as pessoas. Já repararam como hoje em dia o inglês está em toda parte; dos minúsculos comércios de bairros as grandes empresas, passando pelas marcas dos produtos, alimentos e etc. Não podemos esquecer que ele também é fundamental para entender o que os nossos ídolos cantam. Sei lá, eles ficam fazendo umas caretas e balançando a cabeça de uma forma tão excitada, que deve ser algo interessante.
Não curto só rock n roll, gosto de vários estilos, desde que a música venha de fora e toque constantemente nas emissoras de rádio que ouço e na (M)TV, hip hop norte americano, dance, black music, Punk, Emocore, eletrônico e por ai vai. Esse papinho de cultura brasileira não ta com nada. Legal é lanchar no Mc Donalds, assistir a uns filmes de hollyood, esses realmente são bons. Não sei como explicar, mas eles são espetaculares e, diferentemente de alguns poucos filmes brasileiros que já vi, eles são estimulantes e alucinógenos, permitindo que a gente sonhe e viaje. Os filmes que gosto, são aqueles que passam nos cinemas do shopping e que acho com facilidade nas locadoras, ou melhor, baixo na internet, quer dizer, quando o filme é bom mesmo, tipo aquelas seqüências fantásticas de “American Pie”, compensa até comprar um dvd pirata. Esse tipo de arte nos provoca uma sensação ótima, de pleno êxtase exuberante, esquecemos nossos problemas e ficamos imaginando que um dia nossa vida será idêntica ao belo roteiro, ou seja: alegre, tranqüila, sofrendo alguns acidentes durante o percurso, mas no final felizes para sempre.
De todas as revoluções que estudei na escola, sem dúvidas a mais interessante é a tecnológica, depois dela tenho acesso à internet, mp3, mp4, câmera digital, vídeo games, DVD, celular, i - pod e outros aparelhos que tornaram a vida mais prática e interativa. Posso conhecer pessoas do mundo todo sem sair de casa. O mundo globalizado é o que há de melhor, e o pior é que tem gente por ai querendo revolução! Ah fala sério! (risos irônicos) Mas eu não sou bobo, revolucionar o que? Posso até pensar em reformar, quem sabe? Acho que cairia bem uma reforma no meu corpo e no meu rosto, pra eu ficar que nem aqueles caras “bonitões” que vejo na televisão e nas revistas. Cá pra nós, pensem um pouco comigo, pra que eu vou querer mudar alguma coisa no mundo? Não me falta nada, sou extremamente grato por fazer parte dessa era virtual, modéstia parte, nossa época é perfeita. (introduzir um ritmo de fala mais lento, causando impressão de reflexão) É... Bem... Às vezes fico pensando... será que é mesmo perfeita? Será que é perfeita para todo mundo? Às vezes tenho a ligeira impressão de que na mesma hora que temos acesso a um universo infinito de coisas, não temos acesso a nada. Parece que toda a imensidão da internet quase sempre se resume apenas em orkut e MSN, sem contar a televisão com seus vários e vários canais, onde somente dois ou três são alvos de nossa tão cobiçada audiência. Não acham isso estranho? Sei lá! Às vezes sinto que alguma coisa me prende, parece que algo me sufoca, controlando minha forma de pensar, manejando os meus sentimentos, direcionando minhas ações.
Pensando bem, realmente há varias coisas bizarras no meu mundo, mais pareço um brinquedo tecnológico comandado por alguém, tenho meus impulsos e desejos programados. Não tenho vida própria. Como estão vendo sou marionete, um completo boneco de engonço, desse sistema baseado em consumo descontrolado e acúmulo de riquezas.
É por essas e outras que me dispus a vir aqui hoje, para expressar um pouco do que penso e contribuir para mudar a realidade a qual estamos submetidos. Iniciativas como essas são importantes, pela primeira vez estão dando voz ao jovem, que sempre foi deixado de lado. Por isso galera, não pode vacilar, não podemos chegar a uma conferência como esta e confirmar tudo o que as pessoas pensam a respeito da juventude. Temos o dever de demonstrar interesse e colocar em discussão as nossas idéias. Vamos fazer da 1ª conferencia da juventude um mecanismo eficaz, sobretudo capaz de transformar nossas propostas em políticas públicas e ações sociais inovadoras, para que possamos de alguma forma ajudar os inúmeros jovens, que como eu, são brutalmente manipulados pelo sistema. Tão vendo essas cordinhas aqui, vejam, não tem como eu me libertar sozinho, é preciso que alguém solte ao menos uma de minhas mãos, para que eu consiga buscar instrumentos capazes de cortá-las, soltando uma por uma, gradativamente, temos, portanto, que fazer isso junto, pois definitivamente não suporto mais, essas cordas que me controlam, seguras pelas garras injustas do sistema, cada vez mais estão sendo fortalecidas pelas problemáticas agravantes do neoliberalismo. No começo elas não incomodavam, mas agora elas estão machucando, perfurando com tudo a minha alma. Necessito que alguém tenha um pouco de compaixão esquecida em algum lugar do superego, peço que olhem mais atentamente para mim, alguém com coragem suficiente, alguém que não seja egoísta e compartilhe suas informações comigo. Não agüento mais ser limitado, quero ser liberto das garras inescrupulosas desse sistema injusto, antes de ser devorado por ele. Será que não tem ninguém ai com tal disposição? Onde estão os caras que lutavam sem perder a ternura jamais? Preciso deles, estou desesperado por justiça, vejam, estou preso, amarrado, só alcanço até onde essas malditas cordinhas me permitem, só enxergo o que querem me mostrar, só vou até onde me deixam ir, é por isso que não sou livre. Por falta de formação e informação, estou aprisionado dentro de uma gaiola fictícia da ignorância. Fui culturalmente dominado e moldado de acordo com uma sociedade forjada no individualismo extrapolado, conformismo padronizado e na banalização acentuada de tudo (violência, sexo, mortes, drogas, corrupção, etc, etc). Ajudem-me! Pois ao contrario do que pensam não quero mais isso, quero ser livre, quero pensar, quero mudar, quero ter uma bandeira para levantar, quero participar, quero contribuir para um mundo melhor, quero obter minhas próprias idéias e opiniões. Quero uma ideologia válida, sentir o gosto de acreditar e lutar por mais justiça. Ajudem-me!
Libertem-me de mim mesmo!
Vou jogar a real pra vocês, faço parte de uma geração que não se interessa muito por política, nunca fomos educados para gostar. Nem mesmo os nossos pais foram educados para gostarem de política, falo isso porque um tanto de gente fica nos comparando com eles.
De acordo com a história, nasci em uma época turbulenta. Naquele período o Brasil passava por um processo de transição entre regimes governamentais, ou seja, os anos sangrentos da ditadura não resistindo mais a pressão popular, dava lugar a uma proposta de abertura democrática. Na verdade esses acontecimentos não fazem muito sentido para mim, pois enquanto tudo isso rolava, eu era pequeno e só queria saber de brincar e fazer pirraça.
Cresci em um país “livre”, onde se pode falar o que quiser na hora que bem entender (olhar perplexo/de estranhamento para as cordas). Tem vários direitos que gozo sem perceber. Posso ir e vir (manipulação das cordas). Falar mal dos governantes. Criticar o sistema sem ser reprimido. Escolher e votar em meus candidatos, dentre outras tantas mazelas que essa tal democracia nos permite. Mas por incrível que pareça, não sinto muita vontade de conhecer ou exercer alguns dos meus direitos. Talvez porque não lutei por nenhum deles, quando percebi já estavam escritos na constituição. Dizem por ai que várias pessoas lutaram, muitas foram presas, torturadas, exiladas, e outras até morreram para que tivéssemos tais direitos, acontece, no entanto, que por acaso não fui eu e nem os meus amigos, sendo assim toda essa trajetória de lutas e conquistas não tem nenhum valor para nós.
Seguindo o exemplo dos meus pais e outras gerações que, cultuavam pensadores, filósofos, poetas, guerrilheiros, eu também tenho os meus heróis, confesso que são um pouco diferentes, para ser mais exato bem diferentes mesmo. Eles usam umas roupas esquisitas, lutam com uns monstros sinistros e pra complicar nem falam a minha língua, mas isso é o de menos, porque o quente hoje é falar inglês, pagar um cursinho, aprender a língua do Tio Sam, dizem que é importante pro mercado de trabalho, quer saber, não tô nem ai pra isso, acho mais importante saber inglês pra entender o que está escrito nas roupas que uso, nos lugares que freqüento, para compreender com mais facilidade os meus games e claro, para tirar uma onda com as pessoas. Já repararam como hoje em dia o inglês está em toda parte; dos minúsculos comércios de bairros as grandes empresas, passando pelas marcas dos produtos, alimentos e etc. Não podemos esquecer que ele também é fundamental para entender o que os nossos ídolos cantam. Sei lá, eles ficam fazendo umas caretas e balançando a cabeça de uma forma tão excitada, que deve ser algo interessante.
Não curto só rock n roll, gosto de vários estilos, desde que a música venha de fora e toque constantemente nas emissoras de rádio que ouço e na (M)TV, hip hop norte americano, dance, black music, Punk, Emocore, eletrônico e por ai vai. Esse papinho de cultura brasileira não ta com nada. Legal é lanchar no Mc Donalds, assistir a uns filmes de hollyood, esses realmente são bons. Não sei como explicar, mas eles são espetaculares e, diferentemente de alguns poucos filmes brasileiros que já vi, eles são estimulantes e alucinógenos, permitindo que a gente sonhe e viaje. Os filmes que gosto, são aqueles que passam nos cinemas do shopping e que acho com facilidade nas locadoras, ou melhor, baixo na internet, quer dizer, quando o filme é bom mesmo, tipo aquelas seqüências fantásticas de “American Pie”, compensa até comprar um dvd pirata. Esse tipo de arte nos provoca uma sensação ótima, de pleno êxtase exuberante, esquecemos nossos problemas e ficamos imaginando que um dia nossa vida será idêntica ao belo roteiro, ou seja: alegre, tranqüila, sofrendo alguns acidentes durante o percurso, mas no final felizes para sempre.
De todas as revoluções que estudei na escola, sem dúvidas a mais interessante é a tecnológica, depois dela tenho acesso à internet, mp3, mp4, câmera digital, vídeo games, DVD, celular, i - pod e outros aparelhos que tornaram a vida mais prática e interativa. Posso conhecer pessoas do mundo todo sem sair de casa. O mundo globalizado é o que há de melhor, e o pior é que tem gente por ai querendo revolução! Ah fala sério! (risos irônicos) Mas eu não sou bobo, revolucionar o que? Posso até pensar em reformar, quem sabe? Acho que cairia bem uma reforma no meu corpo e no meu rosto, pra eu ficar que nem aqueles caras “bonitões” que vejo na televisão e nas revistas. Cá pra nós, pensem um pouco comigo, pra que eu vou querer mudar alguma coisa no mundo? Não me falta nada, sou extremamente grato por fazer parte dessa era virtual, modéstia parte, nossa época é perfeita. (introduzir um ritmo de fala mais lento, causando impressão de reflexão) É... Bem... Às vezes fico pensando... será que é mesmo perfeita? Será que é perfeita para todo mundo? Às vezes tenho a ligeira impressão de que na mesma hora que temos acesso a um universo infinito de coisas, não temos acesso a nada. Parece que toda a imensidão da internet quase sempre se resume apenas em orkut e MSN, sem contar a televisão com seus vários e vários canais, onde somente dois ou três são alvos de nossa tão cobiçada audiência. Não acham isso estranho? Sei lá! Às vezes sinto que alguma coisa me prende, parece que algo me sufoca, controlando minha forma de pensar, manejando os meus sentimentos, direcionando minhas ações.
Pensando bem, realmente há varias coisas bizarras no meu mundo, mais pareço um brinquedo tecnológico comandado por alguém, tenho meus impulsos e desejos programados. Não tenho vida própria. Como estão vendo sou marionete, um completo boneco de engonço, desse sistema baseado em consumo descontrolado e acúmulo de riquezas.
É por essas e outras que me dispus a vir aqui hoje, para expressar um pouco do que penso e contribuir para mudar a realidade a qual estamos submetidos. Iniciativas como essas são importantes, pela primeira vez estão dando voz ao jovem, que sempre foi deixado de lado. Por isso galera, não pode vacilar, não podemos chegar a uma conferência como esta e confirmar tudo o que as pessoas pensam a respeito da juventude. Temos o dever de demonstrar interesse e colocar em discussão as nossas idéias. Vamos fazer da 1ª conferencia da juventude um mecanismo eficaz, sobretudo capaz de transformar nossas propostas em políticas públicas e ações sociais inovadoras, para que possamos de alguma forma ajudar os inúmeros jovens, que como eu, são brutalmente manipulados pelo sistema. Tão vendo essas cordinhas aqui, vejam, não tem como eu me libertar sozinho, é preciso que alguém solte ao menos uma de minhas mãos, para que eu consiga buscar instrumentos capazes de cortá-las, soltando uma por uma, gradativamente, temos, portanto, que fazer isso junto, pois definitivamente não suporto mais, essas cordas que me controlam, seguras pelas garras injustas do sistema, cada vez mais estão sendo fortalecidas pelas problemáticas agravantes do neoliberalismo. No começo elas não incomodavam, mas agora elas estão machucando, perfurando com tudo a minha alma. Necessito que alguém tenha um pouco de compaixão esquecida em algum lugar do superego, peço que olhem mais atentamente para mim, alguém com coragem suficiente, alguém que não seja egoísta e compartilhe suas informações comigo. Não agüento mais ser limitado, quero ser liberto das garras inescrupulosas desse sistema injusto, antes de ser devorado por ele. Será que não tem ninguém ai com tal disposição? Onde estão os caras que lutavam sem perder a ternura jamais? Preciso deles, estou desesperado por justiça, vejam, estou preso, amarrado, só alcanço até onde essas malditas cordinhas me permitem, só enxergo o que querem me mostrar, só vou até onde me deixam ir, é por isso que não sou livre. Por falta de formação e informação, estou aprisionado dentro de uma gaiola fictícia da ignorância. Fui culturalmente dominado e moldado de acordo com uma sociedade forjada no individualismo extrapolado, conformismo padronizado e na banalização acentuada de tudo (violência, sexo, mortes, drogas, corrupção, etc, etc). Ajudem-me! Pois ao contrario do que pensam não quero mais isso, quero ser livre, quero pensar, quero mudar, quero ter uma bandeira para levantar, quero participar, quero contribuir para um mundo melhor, quero obter minhas próprias idéias e opiniões. Quero uma ideologia válida, sentir o gosto de acreditar e lutar por mais justiça. Ajudem-me!
Libertem-me de mim mesmo!
Bruno Roger
Coordenador Executivo do COEXISTA
(Texto original da peça de abertura da 1ª Conferência Livre de Juventude - Grupo COEXISTA)
"Nem toda feiticeira é corcunda. Nem toda brasileira é só bunda.“ Rita Lee
"Eu tinha 13 anos, em Fortaleza, quando ouvi gritos de pavor. Vinham da vizinhança, da casa de Bete, mocinha linda, que usava tranças. Levei apenas uma hora para saber o motivo. Bete fora acusada de não ser mais virgem e os irmãos a subjugavam em cima de sua estreita cama de solteira, para que o médico da família lhe enfiasse a mão enluvada entre as pernas e decretasse se tinha ou não o selo da honra. Como o lacre continuava lá, os pais respiraram, mas a Bete nunca mais foi à janela, nunca mais dançou nos bailes e acabou fugindo para o Piauí, ninguém sabe como, nem com quem.
Eu tinha apenas 14 anos, quando Maria Lúcia tentou escapar, saltando o muro alto do quintal da sua casa para se encontrar com o namorado. Agarrada pelos cabelos e dominada, não conseguiu passar no exame ginecológico. O laudo médico registrou vestígios himenais dilacerados, e os pais internaram a pecadora no reformatório Bom Pastor, para se esquecer do mundo. Realmente; esqueceu, morrendo tuberculosa.
Estes episódios marcaram para sempre e a minha consciência e me fizeram perguntar que poder é esse que a família e os homens têm sobre o corpo das mulheres?
Ontem, para mutilar, amordaçar, silenciar. Hoje, para manipular, moldar, escravizar aos estereótipos. Todos vimos, na televisão, modelos torturados por seguidas cirurgias plásticas. Transformaram seus seios em alegorias para entrar na moda da peitaria robusta das norte americanas. Entupiram as nádegas de silicone para se tornarem rebolativas e sensuais, garantindo bom sucesso nas passarelas do samba.
Substituíram os narizes, desviaram costas, mudaram o traçado do dorso para se adaptarem à moda do momento e ficarem irresistíveis diante dos homens. E, com isso, Barbies de facaria, provocaram em muitas outras mulheres - as baixinhas, as gordas, as de óculos - um sentimento de perda de auto-estima. Isso exatamente no momento em que a maioria de estudantes universitários (56%) é composta de moças. Em que mulheres se afirmam na magistratura, na pesquisa científica, na política, no jornalismo.
E, no momento em que as pioneiras do minismo passam a defender a teoria de que é preciso feminilizar o mundo e torná-lo mais distante da barbárie mercantilista e mais próximo do humanismo.
Por mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade. Até porque elas são desarmadas pela própria natureza. Nascem sem pênis, sem o poder fálico da penetração e do estupro, tão bem representado por pistolas, revólveres, flechas, espadas e punhais. Ninguém diz, de uma mulher, que ela é de espadas. Ninguém lhe dá, na primeira infância, um fuzil de plástico, como fazem com os meninos, para fortalecer sua virilidade e violência. As mulheres detestam o sangue, até mesmo porque têm que derramá-lo na menstruação ou no parto.
Odeiam as guerras, os exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos de sua convivência e os colocam na marginalidade, na insegurança e na violência. É preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande articuladora da paz. E para começar, queremos pregar o respeito ao corpo da mulher. Respeito às suas pernas que têm varizes porque carregam latas d'água e trouxas de roupa.Respeito aos seus seios que perderam a firmeza porque amamentaram seus filhos ao longo dos anos.
Respeito ao seu dorso que engrossou, porque elas carregam o país nas costas. São as mulheres que irão impor um adeus às armas, quando forem ouvidas e valorizadas e puderem fazer prevalecer à ternura de suas mentes e a doçura de seus corações. "Nem toda feiticeira é corcunda. Nem toda brasileira é só bunda.“
Eu tinha apenas 14 anos, quando Maria Lúcia tentou escapar, saltando o muro alto do quintal da sua casa para se encontrar com o namorado. Agarrada pelos cabelos e dominada, não conseguiu passar no exame ginecológico. O laudo médico registrou vestígios himenais dilacerados, e os pais internaram a pecadora no reformatório Bom Pastor, para se esquecer do mundo. Realmente; esqueceu, morrendo tuberculosa.
Estes episódios marcaram para sempre e a minha consciência e me fizeram perguntar que poder é esse que a família e os homens têm sobre o corpo das mulheres?
Ontem, para mutilar, amordaçar, silenciar. Hoje, para manipular, moldar, escravizar aos estereótipos. Todos vimos, na televisão, modelos torturados por seguidas cirurgias plásticas. Transformaram seus seios em alegorias para entrar na moda da peitaria robusta das norte americanas. Entupiram as nádegas de silicone para se tornarem rebolativas e sensuais, garantindo bom sucesso nas passarelas do samba.
Substituíram os narizes, desviaram costas, mudaram o traçado do dorso para se adaptarem à moda do momento e ficarem irresistíveis diante dos homens. E, com isso, Barbies de facaria, provocaram em muitas outras mulheres - as baixinhas, as gordas, as de óculos - um sentimento de perda de auto-estima. Isso exatamente no momento em que a maioria de estudantes universitários (56%) é composta de moças. Em que mulheres se afirmam na magistratura, na pesquisa científica, na política, no jornalismo.
E, no momento em que as pioneiras do minismo passam a defender a teoria de que é preciso feminilizar o mundo e torná-lo mais distante da barbárie mercantilista e mais próximo do humanismo.
Por mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade. Até porque elas são desarmadas pela própria natureza. Nascem sem pênis, sem o poder fálico da penetração e do estupro, tão bem representado por pistolas, revólveres, flechas, espadas e punhais. Ninguém diz, de uma mulher, que ela é de espadas. Ninguém lhe dá, na primeira infância, um fuzil de plástico, como fazem com os meninos, para fortalecer sua virilidade e violência. As mulheres detestam o sangue, até mesmo porque têm que derramá-lo na menstruação ou no parto.
Odeiam as guerras, os exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos de sua convivência e os colocam na marginalidade, na insegurança e na violência. É preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande articuladora da paz. E para começar, queremos pregar o respeito ao corpo da mulher. Respeito às suas pernas que têm varizes porque carregam latas d'água e trouxas de roupa.Respeito aos seus seios que perderam a firmeza porque amamentaram seus filhos ao longo dos anos.
Respeito ao seu dorso que engrossou, porque elas carregam o país nas costas. São as mulheres que irão impor um adeus às armas, quando forem ouvidas e valorizadas e puderem fazer prevalecer à ternura de suas mentes e a doçura de seus corações. "Nem toda feiticeira é corcunda. Nem toda brasileira é só bunda.“
terça-feira, 4 de março de 2008
1ª Conferência Livre de Juventude
O COEXISTA - Grupo de Consciência Existencial e Coletiva está organizando a 1ª Conferência Livre de Juventude, com o objetivo de contribuir para o debate de Políticas Públicas direcionadas para os jovens. Este evento é parte da 1ª Conferência Nacional de Juventude e foi criada como forma de ampliar a participação das diversas juventudes no processo de identificação de desafios e proposição de soluções, debatendo de forma inovadora e criativa, propostas para que os direitos dos jovens sejam garantidos.Segundo o art 16 do Regimento Interno da Conferência Nacional de Juventude, as Conferências Livres “têm caráter mobilizador e propositivo, podendo ser promovidas nos mais variados âmbitos da sociedade civil". Elas não elegem delegados/as, podendo colaborar com proposições para as Conferências dos seus respectivos estados e etapa nacional. Ou seja, as contribuições das Conferências Livres para as demais etapas da CNJ são o encaminhamento de propostas, não de pessoas.Nossa Conferência vai acontecer no dia 29 de março de 2008, no Parque Ecológico do Eldorado (R. das Paineiras, nº1722, Eldorado, Contagem-MG), sendo as atividades previstas das 14 às 18 horas.
Debateremos os eixos temáticos: Diversidade, Cultura e Mídia, Meio Ambiente e Educação, Liberdades Democráticas e Participação Política.
FAÇA SUA INSCRIÇÃO
Envie seus dados (nome, idade, endereço, e-mail, conatato, movimento que participa e grupo de trabalho da Conferência) para coexista@oi.com.br ou pelo telefone (31) 3044-6260
(você ira receber um e-mail confirmando o número da sua inscrição)
(você ira receber um e-mail confirmando o número da sua inscrição)
LEVANTE SUA BANDEIRA E PARTICIPE
OUTRAS INFORMAÇÕES
Você encontra os documentos importantes (Texto-base, Regimento Interno, Cadernos Temáticos) e outras informações a respeito da proposta da Conferência de Nacional de Juventude, acessando o http://www.juventude.gov.br/ .
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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
1ª Conferência Nacional de Juventude
O governo está convidando você para uma conversa. Você e todos os/as outros/as 50 milhões de jovens brasileiros. É um papo sério, que está reunindo gente de todo o país. O assunto? Os seus direitos. Você tem direito de estudar numa escola de qualidade. Escolher um trabalho decente. Se divertir. Andar na rua sem ser assaltado ou confundido com criminoso. Fazer arte. Receber um bom atendimento no posto de saúde. Ser do seu jeito. Dizer o que pensa. Acontece que, na prática, as coisas nem sempre são dessa forma. E é justamente por isso que o governo quer conversar com você. Na sua opinião, o que deve ser feito para que os direitos dos jovens saiam do papel e virem realidade?
Esse papo se chama "1ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude". Milhares de pessoas estão entrando nessa. Aceita o convite? Então se liga!
Imagine um país onde o jovens são felizes. Um país onde eles saem na rua com a certeza de que voltarão ilesos pra casa. Um país onde as escolas não têm muros altos nem grades e quadro negro é como um espelho: os estudantes se reconhecem no que é ensinado. E há uma ponte que leva do ensino médio direto à faculdade. Sem pedágio, peneira ou funil no caminho. Imagine um país onde os jovens que decidem trabalhar encontram ocupações dignas. Com salários justos. No posto de saúde, os médicos entendem o que os jovens dizem. E dizem o que os jovens entendem. Um país onde jovens talentos estão nos palcos e nas platéias. Fazendo e consumindo arte. Imagine um país onde os jovens estão cuidando e fazendo cuidar do planeta: não deixam as árvores caírem. Nem as temperaturas subirem. Na tevê e nos jornais, eles não aparecem apenas nos intervalos comercias ou nas páginas policiais. Não são discriminados ou sofrem preconceitos. imagine um país onde os jovens são assunto nacional : falar e dão o que falar. Imagine um país em que sonho de futuro dos jovens não é pesadelo nem ilusão. Imagine um país que a utopia é projeto.
PARTICIPE DA CONFERÊNCIA NACIONAL DE JUVENTUDE.
E LEVANTE A BANDEIRA DESSE NOVO PAÍS.
INFORMAÇÕES
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
CIDADÃO, CIDADÃ (Jorge Mautner- Nelson Jacobina)
Assim como é natural/ O vôo da borboleta
Assim como falta uma mão/ No maneta
Assim como não acho nada de anormal
No fato de você ser troca letra
Acho que se deve ser diferente/ Não como toda a gente
Mas igualmente ser gente/ Como toda essa gente
Deste país continente/ E de todo o planeta
Assim como é lindo o pirata/ Apesar de ser perneta
Com uma mão segurando a mão do grumete
E outra uma luneta
Dizendo que é natural
Que os anjos do juízo final toquem trombeta
Quem, quem, quem a não ser o som
Poderia derrubar a muralha dos ódios, dos preconceitos
Das intolerâncias, das tiranias, das ditaduras hereditárias
Dos totalitarismos, Das patrulhas ideológicas e do nazismo
Acho que todo cidadão ou cidadã
Deve ter possibilidades de felicidade
Do tamanho de um maracanã
E deve poder ser azul, negro ou cinza
Sorridente ou ranzinza
Verde amarelo e da cor vermelha
Deve-se somente ser, E não temer, viver
Pro que der e vier na nossa telha
Vivamos em paz, Porque tanto faz
Gostar de coelhos ou de coelhas
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COEXISTA
PENSO, LOGO COEXISTO