terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Afromanifesto

Por que olhas assim para o Mundo
África?
Acaso pensas convencer o FMI, a ONU,
A OTAN, os ricaços
Produtores e fornecedores de armas
Que a exterminam?

Para onde vais Terra Mãe
De todos os povos,
Seguindo estas linhas da fome?

África dos Lumumbas,
Transforma-se agora em cemitério
De vivas almas negras
Para deleite dos abutres que a destroem...

África, Continente das catacumbas sem lápide.
Primeiro, arrancam-lhe das entranhas
Os braços que, sob chicotes e as mais
Vis torturas, forjarão a felicidade
De ricos arianos, ao longo dos séculos.

África, ama-de-leite dos senhores escravistas,
Tens hoje tetas secas para os seus.
(e o mundo assiste impassível).

Em seguida, abrem novamente seu
Peito e tuas selvas, arrancando-lhe o coração,
Nas continuadas disputas pelas minas
De ouro, diamantes, urânio, cobre
E tantas preciosas riquezas que abrigas
Em suas terras.

Sobram para sua gente as minas
Que matam, arrancam pernas, mutilam...
Sobra-lhe também a fome, já endêmica,
Que forja esquálidos semblantes
Suplicando ao mundo um pedaço
De paz e pão.

Mãe África, filha do Sol, berço da Humanidade
Sofres ainda das multivariadas enfermidades,
Curáveis epidemias, manipuladas doenças.
Homens, mulheres e crianças qual insetos,
Caem mortos pelas estradas,

Agonizam terminalmente nas camas
E corredores de “hospitais”,
Vomitam sangue, vísceras, bílis,
Pus, cérebros, até que a morte os aliviem.

África Mãe, afagastes teus primeiros rebentos
Desde o Paleolítico
Com o calor de seu clima,
Deste a eles os alimentos
Abundantes de tuas Savanas
Abristes os caminhos para a construção

De outras civilizações...entretanto,
Choras lágrimas de sangue
Jorradas como suas cachoeiras
Ao ver seus mais novos filhos
Com os corpos despedaçados
Ou crivados de balas dos
AK 47, dos M16, dos tanques e bombardeiros...

Ancestrais afro-descendentes,
Afro-americanos,
Euro-africanos,
Afro-asiáticos,
Afro-humanos de todos os continentes,
Povos afro-simpatizantes,
Afro-irmãos brancos, indígenas,
Pobres de todo o mundo!

Não permitamos a continuação
Desta bestial carnificina,
Impeçamos a cruel barbárie que sacia
A sede de sangue do capital
Detenhamos o fúnebre cortejo
Dos mortos-vivos que vagueiam
Sem destino, sem-terra, sem esperança.
Na terra que é sua,
Arrasada pela guerra suja
Que é deles,

Dos opulentos magnatas
Das Wall`s Street`s mundo afora,
Que contabilizam suas moedas
Na mesma medida
E proporção em que
Se contam os cadáveres
De nossos irmãos africanos!

Elder Costa Santos

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